ACM Neto e o marketing político no Facebook

ACM Neto e o marketing político no Facebook e outras redes sociais

Embora o uso das redes sociais  no marketing político ainda esteja em uma fase de amadurecimento no Brasil, nas últimas eleições tivemos alguns bons exemplos de como as mídias sociais podem ajudar na eleição de um candidato. Um desses bons exemplos veio da Bahia, mais precisamente de Salvador,  na campanha deo ACM Neto, agora prefeito da cidade.

Diferente da maior parte das candidaturas de prefeito, ACM Neto apostou pesado no uso das redes sociais no marketing político eleitoral, deixando muito claros os seus objetivos: desconstruir os argumentos do seu opositor, Nelson Pellegrino, fomentar um movimento de apoio à sua candidatura e trazer a participação do cidadão de forma plena em suas propostas.

Uso do Facebook nos debates pela TV

Uma das mais bem elaboradas e eficazes estratégias de desconstrução que ele utilizou foi decisiva: o casamento dos debates na TV com sua página no Facebook. Foi um exemplo do uso do marketing político no Facebook com outros canais, não web.

A estratégia foi simples e muito bem coordenada. Quando chegava a sua vez de fazer uma pergunta, ele provocava Nelson Pellegrino, a negar participação em um determinado episódio ou a defender alguma atitude; imediatamente, em sua réplica, ACM ordenava a sua assessoria, ao vivo, a publicar fotos e vídeos em sua página no Facebook desmentindo-o.

ACM Neto e o marketing político no Facebook
ACM Neto e o marketing político no Facebook

O resultado dessa estratégia foi que seu opositor ficava constantemente sem argumento perante as câmeras, enquanto milhares de usuários mergulhavam no Facebook, viam e compartilhavam os materiais lá publicados. Simplesmente matadora a estratégia.

O que você quer em seu bairro?

Em sua página no Facebook e também em seu site, ACM Neto lançou um aplicativo permitindo que todo e qualquer cidadão pudesse localizar o seu bairro em um mapa e escrever os seus relatos de problemas – conteúdo que acabou sendo incorporado ao próprio programa de governo e alardeado por todas as mídias.

Postagens e movimentos convocados pelas redes sociais

Entre um e outro debate, ACM Neto postava de forma constante em sua página, buscando se aproximar mais do público e quebrar uma imagem de arrogância fortemente vinculada a ele. Os estilos dos textos, em primeira pessoa e sempre com entusiasmo, eliminava qualquer imagem de que uma equipe estava friamente coordenando as postagens, fosse isso verdade ou não.

Ao longo da campanha, ele convocava movimentos – como “flash mobs políticos” – incluindo o “Dia do Azul”, em que pediam que todos fossem às ruas com a cor que confrontava diretamente à do PT, partido de Pellegrino.

Finalmente, como cerejas em um bolo muito bem feito, havia ainda a disseminação da hashtag “#defendersalvador” e replicações de depoimentos recebidos por eleitores diversos.

Renovação?

Assim como qualquer mídia, não se pode dizer que as redes sociais, sozinhas, venceram as eleições para ACM Neto – isso seria ingenuidade. Todavia, diferentemente de todas as campanhas anteriores, esta realmente teve o tom definido principalmente pelo Twitter e Facebook, ambientes capazes de aproximar o candidato do seu eleitorado.

E, enquanto a palavra “renovação” marcou o discurso de praticamente todos os candidatos de oposição do país, ela foi, na prática, implementada por pouquíssimos durante a campanha – destacando, ironicamente, o representante de um dos clãs políticos mais antigos da Bahia e do Nordeste.

Do ponto de vista de estratégia eleitoral, esse uso decisivo das redes sociais fez com que um candidato carregando o nome de ACM – que já há algum tempo deixou de ser sinônimo de votos na Bahia, e contra os governos estadual e federal levasse a prefeitura.

Novos caminhos para as campanhas

Se, até então, campanhas políticas eram feitas nas ruas, é inegável que, hoje, as redes sociais são um componente essencial para quem quiser ampliar o seu espaço eleitoral. E, dadas as suas características essencialmente anárquicas, elas fazem aos eleitores um grande favor ao ampliar a exposição dos candidatos a níveis inimagináveis, eternizando cada discurso feito por eles ao longo de suas carreiras.

Provavelmente, já nas eleições de 2014, muitos dos candidatos devem começar a mudar as suas táticas, entregando aos eleitores não apenas acusações e boatos, como também provas cabais de cada um de seus argumentos. O fato é que esse processo de construção e desconstrução de imagens de políticos tem um vencedor indiscutível: o eleitor, que passa a contar com uma gama de informações muito maior e mais embasada do que antes.

O casse de marketing político no Facebook criado por ACM Neto certamente ficará como uma referência para as próximas eleições.

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