As redes sociais no papel de cabo eleitoral
Imagem de Capa nº 1 – A presidente Dilma Rousseff (PT), sorridente, pega nas mãos de populares durante um evento realizado na Paraíba. O cabelo dela está levemente desalinhado, suado e a imagem mostra a presidente e os militantes no mesmo plano.
Imagem de Capa nº 2 – O senador Aécio Neves (PSDB) está numa espécie de plataforma, sob a luz de vários holofotes, num cenário azulado. Seu rosto aparece em destaque, com semblante leve, e ele se inclina para apertar mãos de eleitores que o cumprimentam.
Imagem de Capa nº 3 – Numa imagem de fundo bege, o governador Eduardo Campos (PSB) e a neossocialista Marina Silva estão de mãos dadas, levantadas ao alto, sorridentes, como se comemorassem a vitória, num plano de baixo para cima.
As capas descritas estão no Facebook, um dos principais cenários onde a guerra eleitoral foi travada entre os presidenciáveis na últimas eleições. As imagens principais de cada página revelam, de certa forma, a mensagem que eles querem passar.
Depois das manifestações de junho de 2013, a disputa pela alma e voto dos internautas aumentou. Os principais pré-candidatos à Presidência chegaram à conclusão que não poderiam ignorar esse universo on-line que levou (e ainda leva) milhares de pessoas às ruas do Brasil.
Eduardo Campos se incorporou a ele recentemente, mas já alcançou mais de 50 mil seguidores em três semanas. De quarta para quinta-feira, para se ter uma ideia, ele pulou de 48.084 para 52.371 seguidores.
As postagens de Eduardo são informativas e por vezes intimistas. Há muitos posts com os pronomes “eu” e “nós”, convites para o eleitor ver entrevistas e frases de efeito ditas por ele em discursos e programas televisivos. É um formato semelhante ao usado por Marina Silva, que está no Facebook desde 2010, sendo vista hoje como seu principal “andor”. Marina tem 350 mil seguidores. Só perde para o personagem fictício Dilma Bolada, cuja página tem mais de 500 mil fãs.
Ciente do poder das redes sociais, a equipe de comunicação do PSB, comandada pela jornalista Vera Canfran, também administra uma conta de Eduardo Campos recém criada no Twitter. Tem pouco mais de sete mil seguidores e passa a mensagem do candidato em 140 caracteres.
O presidenciável Aécio Neves, por sua vez, usa o Facebook num tom mais ácido e crítico ao governo Dilma.
No endereço oficial mantido pelo PSDB, ele adota o pronome pessoal “nós” e eventualmente escreve em primeira pessoa.
Sua equipe de comunicação é comandada pelo marqueteiro Renato Pereira, que prioriza, neste momento, o site “conversa com os brasileiros”, criado em maio passado. Ainda assim, Aécio tem 178 mil seguidores no Facebook. Ele inclusive não criou oficialmente sua conta no Twitter, mas já tem 26,5 mil pessoas à espera de sua primeira tuitada.
As redes sociais da presidente Dilma são comandadas pelo porta-voz da Presidência, Thomas Traumann. Ele gerencia o novo Portal Brasil e a conta do Twitter da presidente, ambos criados em setembro, sendo o último reativado depois de três anos fora do ar.
O perfil oficial de Dilma no Facebook, contudo, é mantido pelo PT. Tem um número de seguidores pouco maior que o de Eduardo (64 mil) e usa uma linguagem formal, sem postagens pessoais. Traz notícias sobre as ações do governo, fotos e frases de Dilma ditas em discursos.
A maior popularidade da presidente, entretanto, é vista no perfil fictício Dilma Bolada, ativado desde 2010 e com continuidade. Nessa página, a petista é praticamente uma “motoqueira selvagem” que quebra protocolos e sai às ruas de Brasília sem seguranças.
O personagem, assinado pelo humorista Jeferson Monteiro (não remunerado), manda recados desaforados para o presidente Obama, decreta feriados, reclama e fala do seu “governo maravilhoso”.
O perfil resume um pouco a alma da web e do Facebook, que provoca gargalhadas e dores de cabeças, além de espalhar gafes e desmontar discursos contraditórios. É uma fiscalização em tempo real regada muitas vezes a ódio e amor. Algo que os presidenciáveis ainda estão descobrindo
Fonte: Diário de Pernambuco