Campanha eleitoral 2014 na Internet começou mal
A campanha eleitoral de 2014 na Internet já começou há muito tempo, mas recentemente tivemos a comprovação de que já começou errada. Me refiro ao texto apócrifo publicado na página do PT no Facebook no último dia 7/01/2014 que rendeu muita mídia a Eduardo Campos e Mariana e revelou o tom da campanha eleitoral na Internet que está vindo por ai.
Não sei se os “marqueteiros” de plantão do partido da Presidenta Dilma Rousseff se deram conta, mas se o objetivo era o de desgastar a imagem do candidato Eduardo Campos, o tiro saiu pela culatra. O que conseguiram foi mostrar o baixo nível da campanha e de quebra deram um belo espaço na mídia para o candidato opositor.
O texto intitulado “A Balada de Eduardo Campos” é apócrifo, o que por definição já joga sua credibilidade na lata do lixo. Qualquer texto que contenha denuncias, ofensas e acusações, que não tenha autoria assumida, não merece outro destino. Além disso, é sem consistência, com acusações soltas e não coordenadas. Em suma, em termos de conteúdo eleitoral, não acrescentou nada.
A página do PT no Facebook até que não é ruim, com imagens bem trabalhadas e alguns conteúdos interessantes. A taxa de engajamento da página é sensacional, situando-se em torno de 40% e mais de 78 mil fãs, mas a publicação desse tipo de conteúdo é uma verdadeira bola fora.
Jogada técnica?
Se o motivo da publicação foi técnico, ou seja, foi feita para trabalhar o EdgeRank da página, para aumentar o Alcance das publicações futuras, o resultado foi ótimo, mas a validade da estratégia é muito questionável.
Quando trabalhamos com Facebook Marketing, temos que ponderar as vantagens e desvantagens de uma determinada publicação, e para isso, nada melhor do que métricas para explicar esse caso. A publicação teve, até o momento em que escrevia este artigo, mais de 1.300 curtidas, número bem acima da média das publicações que está em torno de 500 curtidas por publicação.
Em termos de métricas básicas, a publicação alcançou um engajamento de 1,6%, que a situa em um patamar superior ao 0,5% médio que as outras postagens obtiveram no período, mas bem acima da média de engajamento das páginas no Brasil, que está em 0,17% segundo o site Social Baker em seu relatório de Novembro de 2013, o último disponível.
Com uma atividade dessas na postagem, a página até poderia ter ganho alguma coisa em termos de amplificação da audiência, mas será que isso justificaria o conteúdo publicado? Certamente não, principalmente em uma página com mais de 78 mil fãs.
Como não estamos aqui para falar sobre hipóteses, mas sim sobre fatos, segue abaixo um gráfico do engajamento da página do PT no Facebook nos últimos dias, onde fica claro que o engajamento provocado pela postagem foi alto (ponto 1), mas ficou abaixo até mesmo da publicação de uma imagem de Feliz Ano Novo do ex-presidente Lula (ponto 2).
Pior ainda, não teve sustentação e no dia seguinte o nível de engajamento retornou aos seus níveis históricos. Em suma, um desgaste tremendo a troco de nada.
Conteúdo precisa ter qualidade
A verborragia Stalinista nunca rendeu votos ou simpatia a ninguém, nem mesmo a seus inspiradores. O texto publicado na página do PT no Facebook era superficial e medíocre, tendo como único atributo um verdadeiro festival de acusações e grosserias dirigidas ao adversário. Se pelo menos do ponto de vista técnico, tivesse sido válido, teria pecado sob o ponto de vista ético. Como nem sob o ponto de vista técnico valeu alguma coisa, foi uma tremenda bola fora mesmo.
No marketing político digital temos que manter uma rígida curadoria de conteúdo para que possamos levar ao eleitor um texto interessante, agradável e relevante, seja no blog do candidato, Facebook ou qualquer outra mídia social. No caso dessa publicação, o conteúdo não preenchia nenhum destes três requisitos.
O espaço oferecido pelas mídias sociais é para a apresentação e discussão de ideias além da apresentação de feitos administrativos, no caso de um candidato a reeleição. Se a equipe não possui nem um conteúdo nem outro, a melhor coisa a fazer é não publicar nada ou então apelar para um simples “Bom dia pessoal do Facebook”.
O nível ético e técnico da campanha começou muito mal. Tomara que o juízo tome conta da cabeça das equipes responsáveis pelo marketing político nas mídias sociais dos nossos candidatos, até mesmo para que não sofram a mais formidável rejeição jamais vista nestes canais, e depois nas urnas. Ainda há tempo.
Publicado originalmente no site de Alberto Valle