Por que o Twitter é tão popular entre os políticos?
A presidenta Dilma Rousseff há pouco tempo voltou ao Twitter. A retomada da conta oficial no microblog da presidente, inativa há quase três anos, faz parte de uma estratégia para melhorar a comunicação digital do governo federal.
O objetivo é, a um só tempo, fazer-se mais presente na rede – uma necessidade sentida sobretudo após as manifestações de junho – e preparar-se para as eleições de 2014.
O microblog não é a única mídia social em que Dilma está investindo. Recentemente, tuítes da governante também anunciaram uma reformulação de sua página oficial no Facebook, uma conta do Palácio do Planalto no Instagram e um novo portal para comunicação com o governo federal. Mas é inegável a importância central do perfil no Twitter para a estratégia de comunicação da presidente.
Importância essa que está longe de passar despercebida por outras figuras políticas brasileiras. Comparada a Barack Obama, a ex-senadora Marina Silva articulou habilmente sua presença nas mídias sociais para conquistar projeção nas eleições presidenciais de 2010, com ênfase no Twitter.
Mesmo fora do poder, Marina segue recorrendo ao microblog para mobilizar adeptos e realizar movimentos políticos. Para citar o exemplo mais recente, a ex-senadora convocou esta semana um “tuitaço” para pressionar o TSE – Tribunal Superior Eleitoral a aprovar o registro do seu partido, o Rede Sustentabilidade.
Twitter é a mídia social favorita dos políticos
Essa tendência pode ser generalizada. Sem exagero, é válido afirmar que o Twitter é a mídia social favorita dos políticos do continente americano: dos 15 políticos mais seguidos do planeta, 10 são provenientes das Américas.
O ex-presidente dos Estados Unidos e autor do tuíte mais compartilhado de todos os tempos, Barack Obama, é o governante mais acompanhado no microblog, com mais de 85 milhões de seguidores (@BarackObama).
O atual presidente americano, Donald Trump (@realDonaldTrump), que transformou o Twitter em seu canal oficial de comunicação com o eleitorado, já acumula um total de 26 milhões de seguidores.
A ex-presidente Dilma (@Dilmabr), menos afeita às mídias sociais, deixou o governo com 5 milhões de seguidores. O atual presidente Michel Temer (@MichelTemer) acumula um total de pouco mais de setecentos mil seguidores.
Mas o que explica a popularidade das mídias sociais, e em particular do Twitter, entre os políticos das Américas?
Políticos em busca do público jovem
Antes de tudo, a resposta passa pelo fato de que aqui predominam tanto populações jovens – as mais familiarizadas com as novas tecnologias – quanto regimes democráticos. Entre outras explicações possíveis, essa combinação certamente contribui para a criação de um ambiente favorável à interseção entre política e mídias sociais de forma geral.
A partir desse ponto, também podemos refletir sobre oportunidades especificamente trazidas pelo marketing político no Twitter para quem está – ou quer estar – no poder.
Uma conta no microblog – obrigatoriamente pessoal, com o nome e o rosto do político, e jamais do seu “Palácio” ou “Prefeitura” – é um espaço de exercício de personalidade. Isso é extremamente importante em tempos de internet. Com a rede e as mídias sociais, começou-se a esperar algo que nunca foi tão cobrado das figuras públicas: a sensação da sua presença.
Twitter como ferramenta de marketing eleitoral
Os tuítes de um governante são uma representação por excelência da sua proximidade no dia a dia das pessoas. Superamos há muito tempo a fase de mandar cartas para algum órgão de comunicação oficial, torcendo para obter alguma resposta. Hoje queremos sentir que conhecemos pessoalmente nossos representantes, a ponto de os chamarmos pelo nome, de cobrá-los e elogiá-los diretamente. É aí que cabe a pergunta: quantas outras formas de comunicação são tão naturais e intimistas quanto um tuíte?
Com as eleições presidenciais acontecendo dentro de poucos meses, os políticos brasileiros começam a se aquecer para a disputa. A proporção direta entre menções no Twitter e sucesso nas eleições foi demonstrada por estudos recentes, embora saibamos que redes sociais não ganham eleições. Já tendo testemunhado a contribuição das mídias sociais para a ascensão de Marina Silva em 2010, essa correlação chega a ser quase intuitiva para os brasileiros.
O Twitter pode servir como um palanque com capacidade infinita de espectadores. Qualquer que seja o resultado das eleições, 2018 será um ano de vitória para quem souber trabalhar sua estratégia nesse ambiente, ganhando a confiança dos eleitores e reforçando sua presença na esfera pública aos poucos, de tuíte em tuíte.
Fonte: Scup Ideias